7/23/2015

Obrigações e Oferendas na Umbanda



Já imaginaram o que seria do mundo se toda pessoa que quisesse algo em sua vida, era só ir fazer uma oferenda a um Orixá, Guia, Santo, Exu ou Pomba-Gira, barganhar e pronto? 
Ou seja, era só comprar o que o Orixá ou Guia mais gostasse, porque onde eles moram não tem mercado, feira, nem casa de artigos religiosos, e por isso precisam que nós os agrademos com bebidas, comidas, charutos, velas, ou seja, coisas materiais,para poderem satisfazer nossos egos incapacitados e muitas vezes doentio. 
Pra que fazer vestibular? 
Pra que estudar muito pra ser um bom profissional?
Pra que trabalhar? 
Pra que ser honesto? 
Pra quer perdoar?
Pra que ter honra e honestidade?
Seria legal, através de uma oferenda eu conseguir o homem ou a mulher que eu quero.
Não existiram mais doenças.
O campeonato de futebol não seria mais resolvido no gramado, mas sim, nas encruzilhadas. 
Quando eu não gostasse de alguém seria fácil: era só fazer um feitiço e essa pessoa sumiria.
Dinheiro então nem se fale; era só levar uma oferenda na Natureza e no outro dia eu ganharia na loteria.
Fácil né? É assim então? 
Se for, não preciso mais me esforçar pra nada nesse mundo, pois, é só fazer uma oferenda ou despacho e está tudo resolvido. Pra que então perdermos tempo atendendo as pessoas num Templo Umbandista, com orientações e evangelização, se nós teríamos a certeza que basta uma oferenda ou despacho para que o problema daquela pessoa, seja qual for, fosse resolvido.
É mais fácil então uma só pessoa atender a todos no Templo, colocando os problemas das pessoas em um buscador da internet; encontrando o despacho ou oferenda condizente, era só tirar uma cópia, dar na mão do consulente e mandar ele se virar pra realizar o ato que tudo estaria resolvido em sua vida.
Devemos então jogar fora o Evangelho e achar que Jesus foi um tolo inocente por querer que todos fizessem Reforma Íntima e nos melhorássemos para sermos felizes. 
Jesus também foi mentiroso quando nos disse: “Eu sou o caminho, a verdade a vida; ninguém chega ao Pai a não ser através de mim”. 
Com Jesus não se barganha; Jesus não se compra; Jesus se conquista; Jesus é pura doação.
Seus favores somente chegam a quem merece de fato, pois entenderam o seu Santo Evangelho; mudam suas vidas.
Será que com os Sagrados Orixás também não é assim?
Será que para conquistar o apreço dos Orixás também não teríamos que nos reformar, nos melhorar, sermos amorosos e caridosos? 
Alguém (com certeza não foram Guias Espirituais da Umbanda), no passado, ensinou que para se obter favores dos Orixás bastaria agradá-los com oferendas .
Alguém (com certeza não foram Guias Espirituais da Umbanda) ensinou que para todo problema existe oferenda conciliatória. Será que é assim?
Muitos umbandistas abandonaram a religião, dizendo que cansaram de realizarem oferendas e despachos, e os Orixás nunca os ajudaram; suas vidas continuaram na mesma; nada foi resolvido; alias, piorou; gastaram o pouco que tinham.
As obrigações arriadas na umbanda, potencializam a nossa vontade, que através da fé, conseguimos vibrar numa frequência superior, aumentando em muito a possibilidade de alcançar nosso objetivo.
O merecimento atingimos quando passamos a dar valor, ao que realmente tem valor, entendendo o que realmente estamos fazendo nesta vida.
A Umbanda é crística e brasileira.

Sarava a Umbanda

Fonte: Tenda espírita Zurykan

7/22/2015

DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO




Há médiuns trabalhando determinado tempo na seara umbandista que por desconhecimento do processo mediúnico, são descrentes da própria faculdade de se comunicarem com espíritos, muito embora sintam “algo estranho”, alegando não terem certeza de que estão realmente “tomados” pelo guia ou orixá (orixá aqui, no sentido de protetor) ou se são vítimas de puro animismo. 
Animismo significa, em termos mais originais, manifestações da alma. 
Julgam serem eles próprios, “os cavalos”, agindo em lugar do protetor.
Não creem, porque em certos casos ou em quase todos, recordam-se do que passa durante o transe.
Explicando melhor, o médium desconfia não haver entidade alguma atuando nele, não obstante, procede de modo estranho, sem que saiba explicar o motivo.
Aliás, caso corriqueiro tanto na Umbanda, Candomblé, como no Kardecismo.
Tal preocupação se justifica, porque muitos dirigentes, não informam o que acontece frequentemente no desenvolvimento, pois embora também tenham passado por esta fase de dúvidas, estão esquecidos do que lhes sucediam quando treinavam a mediunidade, isto é, quando se desenvolveram havendo, logicamente, raras exceções.
Em princípio, quando o candidato a médium necessita de desenvolvimento e é colocado na corrente, a entidade - caboclo, preto-velho, marinheiro, etc. - vai envolvendo-o com seus fluídos, procurando entrosar-se e o duplo etérico do aluno para, posteriormente, influenciar-lhe a rede nervosa cerebral, processo geralmente lento, metódico, mas perceptível, até a completa e perfeita incorporação.
No início, regra geral, o médium observa certos movimentos, influências e impulsos contrários ao próprio comportamento normal, mas de maneira um tanto superficial.
A razão disso é misturarem-se os pensamentos do guia com os seus” inclusive mesclando -se também as ações, temperamento, inclinações, conduta, gostos, trejeitos, etc.
O candidato torna-se então o médium consciente do que faz.
A medida que a incorporação vai se ajustando, aperfeiçoando, o médium também vai, pouco a pouco, passando a semi-inconsciente.
Quando não há esclarecimento devido a consciência, o próprio médium julga estar mistificando. Enfraquecendo-lhe a fé, a confiança e, descrente, frustra-se, desanimando, chegando mesmo a afastar-se do terreiro, perdendo a Umbanda um excelente médium que, futuramente, poderia prestar relevantes serviços aos irmãos infelizes e necessitados.
Os médiuns conscientes, com o tempo, aprendem a diferenciar as ideias próprias com as da entidade incorporada.
Se isso acontecer com você, não se assuste, não desanime, nem duvide da presença do protetor.
Ambos, você e ele estão trabalhando e buscando o progresso espiritual, que é o objetivo do médium e a entidade incorporada, fazendo com que você se torne um perfeito intérprete das lições do mundo astral. 

Saravá a Umbanda

Fonte: Tenda espírita Zurykan

7/15/2015

AFINAL, O QUE FAZEM AS FOLHAS?


As ervas e folhas na Umbanda são indispensáveis. Se na Umbanda nada se faz sem Exu, sem folha não há Orixá. É de suma importância a utilização do axé verde – prana vegetal – nos rituais umbandistas e não existe um terreiro que dispense o uso das folhas.
Mas afinal, o que fazem as folhas?
O que faz o fluído vital das plantas, notadamente os contidos nas folhas, que são objeto de maior uso litúrgico nos terreiros, ser dinamizado numa espécie de expansão energética (explosão) e a partir daí adquirir um direcionamento, cumprindo uma ação esperada, são as palavras de encantamento, o verbo atuante associado à força mental e a vontade do médium - sacerdote oficiante do rito, perfazendo assim uma encantação pronunciada.
Necessariamente, o princípio ativo fármaco da folha, não será o mesmo da intenção mágica que realizou o encantamento, em seu correspondente corpo etérico. Existem associações de mais de uma planta que acabam tendo efeito sinérgico, por sua vez diferente do uso individual das folhas, que compõem o “emplastro”, banho ou batimento. A ligação mágica é feita de elos verbais cantados, a ação terapêutica medicinal associada à ação energética mágica esperada, combinação fluídica vibracional realizada na junção dos duplos etéreos das folhas e adequadamente potencializada pela ação dos Guias Astrais da Umbanda, havendo por fim uma ação coletiva; do sacerdote oficiante do rito, dos médiuns cantando e dos espíritos mentores.
- do livro CARTILHA DO MÉDIUM UMBANDISTA

7/13/2015

CONCENTRAÇÃO



Você está equilibrado emocionalmente e psicologicamente com a sua saúde em perfeito estado? 
São pontos primordiais para uma boa Concentração dentro de um terreiro de Umbanda, ou fora dele. 
Dizemos fora dele, aos Médiuns que estejam prontos e com a permissão do guia chefe do Centro, para desempenhar os seus trabalhos e consultas fora do terreiro. O equilíbrio destas funções é necessário para qualquer Médium em desenvolvimento, ou já desenvolvido, para que possa trabalhar na linha da Fé e Caridade.
Não é porque um Médium tem vinte anos de mediunidade que ele está sempre pronto para concentrar para qualquer guia ou entidade. Meus irmãos o ato de você se concentrar nada mais é do que você ligar um rádio dentro da sua mente e sintonizar uma estação. Essa estação que você tenta captar é a ligação que você Médium tem com o Mundo Espiritual. Neste momento é que vem a importância de um Centro.
Queridos e amados irmãos, para você aprender a se concentrar é importantíssimo verificar onde você está pisando e quem vai lhe desenvolver, pois você ira se doar plenamente a essa pessoa. Assim é recomendado que você veja e reflita no que está fazendo, e no passo que irá dar, pois uma vez que você estiver Concentrando em um lugar que não seja de bem, você irá receber a comunicação de Espíritos que não estejam do bem também.
Para uma Concentração de bem e perfeita, é importante que esses pontos acima estejam em perfeita harmonia com o irmão.
Para o Médium novo nunca se deve concentrar com o Mundo Espiritual fora de um Centro, sem a presença de seu Médium Chefe. Assim como há irmãos no Mundo Espiritual que queiram ajudar, também tem irmãos que só querem atrapalhar ou mesmo prejudicá-lo. Às vezes não fazem por mal, mas por ignorância ou falta de esclarecimento.
Existem alguns locais que temos que evitar nos Concentrarmos, a não ser que tenhamos autorização. São eles: encruzilhadas, cemitérios, hospitais, capelas, centros em visita, casa de Exú, pôr brincadeira ou curiosidade.
Concentração: simples:
Peça licença a Deus. 
Peça licença a nosso pai Oxalá. 
Peça licença e proteção ao Dono do Gongá. 
Peça licença e proteção a seu Anjo de Guarda. 
Afaste tudo que estiver tomando a sua atenção. 
Feche os seus olhos. 
Sinta o seu corpo. 
Respire fundo lentamente. 
Bloqueie seus ouvidos para o que tiver escutando. 
Através do pensamento eleve-se e transporte-se até onde você quer chegar. 
Leve o pensamento até quem você quer sintonizar ou chamar. 
Solte o corpo e mente. 
Não fique ansioso. 
Não interfira com outros pensamentos. 
Confie plenamente nos seus guias ou entidades. 
Entre no compasso e nas batidas do tambor se houver. 
Sinta arrepios, calor, frio, vontade de chorar, rir, pular, dançar, felicidade.
Deste modo, você está pronto para a incorporação, o irmão abrirá um canal, podemos assim dizer, para o mundo Espiritual. Muito importante também é para que e para quem vamos abrir esse canal!
Na Umbanda nos comunicamos com o Mundo Espiritual através dos guias, Orixás e entidades dentro da nossa filosofia e rituais, bem como já sabemos.
Um canal aberto sem propósito tende a abrir campo para indesejáveis incorporações nem sempre fáceis de doutrinar.
Outra coisa muita importante é a Corrente de Concentração.
Quando se abre uma Corrente de Concentração com todos os Médiuns do Centro, os irmãos devem levar o pensamento a Oxalá pedindo força e saúde para o filho que pediu a corrente. Se for uma corrente de descarrego levar o pensamento ao irmão que precisa de ajuda, mas lembre-se Médium novo não pode se concentrar nesta gira. Peçam encaminhamento para o irmão ou irmãos que estão atrapalhando a vida de quem está sendo descarregado. Nunca com ódio nem raiva e muito menos brincadeira. Lidar com o Mundo Espiritual não é fácil, quanto mais se forem irmãos sem esclarecimento.

Texto do Alexandre Mariano Machado

7/06/2015

Vou sair do terreiro! Como faço?

Vou sair do terreiro! Como faço?

A enorme quantidade de médiuns que entram e saem dos terreiros deste Brasil, são enormes, e eu particularmente sempre vejo com certa tristeza este trânsito enorme de médiuns indo e vindo, entrando e saindo, alguns médiuns mudando para outro terreiro e recomeçando suas trajetórias espirituais e outros dando início á suas próprias casas. 
Tenho quase certeza que os planos astrais permitem este grande fluxo de pessoas para que haja uma reciclagem em nossa religião e em função das afinidades entre as pessoas, assim como seus objetivos dentro da feitura de santo e desenvolvimento mediúnico. 
Minha intenção neste texto é retratar algumas situações que ocorrem no processo de desligamento ou afastamento de um membro da casa.

Nestes casos, devemos sempre nos lembrar da existência de um tempero ardido, chamado de relacionamento pessoal, onde a convivência religiosa diminui e crescem as deficiências de convivência. 
Estas mesmas deficiências, na maioria das vezes, acabam dando lugar á um comportamento hostil envolto em um manto de mentiras e desentendimentos.
Á partir daí o médium que sempre se mostrou dedicado, ou aparentemente dedicado, vai forçar a sua própria saída, na maioria das vezes, pelas portas do fundo. 
Começa então uma sequência de dissabores, problemas com os compromissos assumidos, desrespeito aos horários estabelecidos e com as normas do terreiro e um total descaso com os problemas ou necessidades da casa.
Temos, neste momento um comportamento típico de um médium que quer sair, mas não tem iniciativa ou ímpeto de verbalizar: 
“EU QUERO SAIR! “
Este comportamento quase sempre tem um final infeliz, seja pelo lado da casa, representada por um dirigente e também pelo lado do médium que na maioria das vezes acaba se queimando. 
O pior e mais feio neste cenário, é o comportamento do médium, que depois de sair do terreiro, comumente sai falando mal da casa e de quem ficou na casa. 
Tudo isto deveria ser evitado e encarado como relacionamento pessoal e não religioso.
O desprendimento e a solução deste problema estão nas mãos de ambos os lados, o dirigente pode tomar a iniciativa e através de um simples diálogo fazer com que o médium tome o seu caminho, já o médium também pode estabelecer um diálogo e seguir o seu caminho. 
Em ambas as situações devem prevalecer à educação e a razão e não o sentimento e a emoção. 
O dirigente, realmente não tem necessidade de uma conversa áspera com o médium na frente de outras pessoas, porém o médium não tem a necessidade de chegar no dia e na hora do trabalho, faltando vinte minutos para começar os trabalhos, dizendo: 
- Adeus vou seguir o meu caminho...respeito mútuo é sempre bem vindo né?
O terreiro não funciona somente nos dias de gira ou de consultas e nós que vivemos entre as maravilhas da espiritualidade podemos nos beneficiar das maravilhas da tecnologia e usar um celular, por exemplo: 
- Querido Pai de Santo, gostaria de marcar um horário fora do dia de trabalho para conversarmos sobre a minha saída da casa... não simplesmente abandonar os trabalhos da casa e suas responsabilidades com tamanha frieza e descaso como vemos...
Mas alguns “manteigas derretidas” (melindrosos) vão dizer:
“Eu tenho medo desta conversa com o meu Pai de Santo”
“Daí eu te pergunto” , que tem mais medo nesta história? 
O dirigente tem medo de perder um médium ou o médium tem medo da suposta reação do dirigente? 
Como já presenciei, alguns vão argumentar: 
“Sei que se eu sair ele ( Pai de Santo) vai me castigar fazendo trabalhos espirituais para mim... “
Então, isso significa, que nos últimos meses ou anos você trabalhou com uma pessoa que faz trabalhos ruins para os outros? , pois quem tem a insensatez de acertar o próprio médium, pode acertar qualquer um não é?
Outros, ainda mais acomodados vão dizer: 
“Está ruim, mas vou levando, um dia eu saio, ou procuro um outro lugar, vou esperar mais um pouquinho...” 
Céus! , Nossa Senhora!
Todos estes relatos são catastróficos, mas sei que são a realidade de muitos médiuns! 
Apenas alguns conselhos para terminar: 
Quer sair? ; saia, mas não fique de chorando dentro da casa, tentando persuadir ninguém á ir junto contigo!
Saia pela porta da frente e com a cabeça erguida, preferencialmente deixando a porta aberta á suas costas...
Não invente mentiras ou desculpas que você mesmo não conseguirá sustentar por muito tempo...
Não gosta mais do terreiro onde você está? 
Então saia e procure um outro terreiro, mas, saia de boca fechada e não cuspindo no prato que te alimentou nos últimos anos, porque se esta comida foi ruim, lembre-se que você se fartou dela nos últimos tempos não é? ; então, está ""ruindade" lhe é peculiar, ou ainda, se já tiver competência espiritual e carnal pra isso, saia e abra um terreiro com o seu nome, para que você possa avaliar e sentir todas as dificuldades do dia-a-dia de um terreiro, e peço ainda, que se você tem um mínimo de dignidade, saia sem fazer confusões , trapaças ou tentando por meios obscuros, chamar a atenção dos antigos irmãos de santo ou mesmo dos frequentadores e consulentes de sua antiga casa, para que eles te deem "atenção" no seu novo terreiro e passem á frequentar sua casa.
Á médiuns inexperientes e consulentes que se deixarem permitir estes ataques e tentativas, o lembrete: A casa pode ser nova, mas ainda não tem o respaldo espiritual que a sua já possui e raramente iniciará seus trabalhos com uma excelente qualidade espiritual, pois se lhe sobra boa vontade e sonhos, falta-lhe traquejos e experiência espiritual.
Começar do zero é começar com assistência e consulentes novos também! 
Quem senta na janela com o trem andando, pode muito bem cair e se machucar...
É impressionante como é raro e muito pequena a quantidade de dirigentes que estão presentes na inauguração das casas de seus filhos de santo...ah, me desculpe, esqueci que você não convidou seu dirigente para a inauguração da sua casa nova pois você brigou com ele, mentiu pra ele, e muitas vezes o traiu...
Aos dirigentes, lembrem-se: médiuns vem e vão, uns ficam outros não...somente o trabalho fica. 
Aos médiuns: Quem sair que saia, mas que seja pela porta da frente!

Fonte: TUOD Tenda de Umbanda Ogum Delê

7/04/2015

POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ?

Depois de alguns anos militando na umbanda, comecei a desenvolver um senso critico no diz respeito a minha religião.
Passei a observar as mudanças, as evoluções, os retrocessos, o comportamento, enfim tudo que se refere ao dia a dia da Umbanda.Uma coisa tem me incomodado muito; a falta de simplicidade que tenho observado nos terreiros. Quando iniciei na Umbanda, pés no chão, uma roupa branca, algumas velas brancas no altar e o terreiro estava pronto para funcionar, as entidades sempre presentes, os consulentes atendidos, os médiuns felizes por estarem ali, enfim uma atmosfera propícia para pratica do bem.
Nosso aprendizado era dentro do terreiro, ouvindo o dirigente, as entidades, os mais experientes.Muitos vão dizer que a evolução é importante e faz parte da vida, concordo, mas penso que deva ser uma evolução inteligente, coerente.Infelizmente tenho visto muitos que inventam rituais, fundamentos, praticas, muitas beirando o absurdo, outros vão buscar em outras religiões, praticas que nada tem haver com a Umbanda, em nome de uma pretensa evolução.Vejo a subserviência, a idolatria à pessoa do “pai de santo” ou a uma determinada "entidade", muito grande, vejo que em muitos casos a espiritualidade fica em segundo plano, hoje Orixá virou sobrenome e até propriedade pessoal, terreiros viraram desfile de moda ou concurso de fantasias.Aprendi que quando se vai a outro terreiro devemos saber entrar e sair, minha Mãe de Santo, nos ensinou que quando visitamos outra casa, salvo se somos convidados pelo chefe do terreiro, somos assistência, e nosso lugar é “na fila do passe” como ela dizia.
 O que ocorre hoje é bem diferente, “pais de santo” que se acham no direito de exigir que se dobrem atabaques para ele, que se prestem reverências, e muitas vezes ainda saem reparando, criticando ou caçoando do trabalho, e por que tudo isto? Justamente pelo fato de que a espiritualidade para eles é apenas um detalhe.Não sei onde isto vai acabar, espero que acabe antes que a Umbanda acabe...
Amigos longe de mim querer generalizar ou ser o dono da verdade, como disse no inicio, sou apenas um observador do comportamento umbandista.Ainda bem que temos terreiros que ainda mantêm a essência da Umbanda, onde a palavra de um Preto Velho ou de um Caboclo é ouvida e seguida. Onde o dirigente senta com seus filhos, ouve, explica, não tem vergonha de dizer “não sei, mas vou tentar aprender”.
Este texto nada mais é que um desabafo de um saudosista, que pisou muito em terreiro de chão batido, que limpou muito cinzeiro, que já caiu varias vezes de “bunda” no chão durante o desenvolvimento, que já levou muito “pito” de entidades, que teimou muitas vezes, mas que aprendeu a amar com todas as forças a Umbanda, e que depois de todo este tempo vivenciando a Umbanda tem uma pergunta aos Umbandistas:
POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ ?
Marco Boeing